sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Quarentena

 Mais que saudades das aglomerações, há uma saudade do conforto no peito, o quente de uma brisa comum, sentir o abraço de pertencer. 

Cada dia que passa eu me questiono mais onde eu pertenço. Hoje estou feliz onde estou, tenho dias agradáveis dentro de uma casa que não é a minha, experiências que nunca teria junto ao acalento de mãe, mas sinto falta. Sinto falta de mim, sinto falta de pertencer. 

Eu me questiono diariamente de onde vem essa falta, pertencer ao que? Num país com mais de 130 mil mortos, com mais de 3 Milhões de infectados eu me questiono até onde as minhas crises existenciais valem a pena. Vale a pena? Há uma crise instaurada não somente em mim, mas em todos uma sociedade que claramente deu errado. Até que ponto a gente vai aguentar e aceitar? Até que ponto eu vou aguentar? 


Eu quero de volta as brisas. Não importa, ninguém mais lê isso daqui. 


segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Liberdade

Ser livre é voar, não se prender. Mas estar preso é uma variável. É incrível como amor liberta, como “ser” com alguém te ajuda a se descobrir e se sentir forte. Forte? De onde a gente tira a força pra ser livre? Viver com me do é viver preso, é não ser, não ter, muito menos viver. Eu chorei quando me libertei, eu choro ainda, porque a liberdade dói. Ah, e como dói. Dói porque ser livre as vezes machuca a quem amamos, mas o amor não deveria gerar a dor. Ser clichê num marasmo de sentimento é o mesmo que digitar como se estivesse tocando piano. Piada de mim, 20 anos, apaixonado, livre e recíproco. Seja recíproco consigo mesmo. Posso te contar um segredo? Eu só queria ser amado, os cortes na alma me faziam ter medo da liberdade de um abraço. Eu não conseguia me completar, me viver, eu tinha medo. Só quando eu me amei, só quando eu me enxerguei a liberdade chegou. O alivio na alma. A lama na cara, o sangue nas veias, o choro, tudo isso faz parte da liberdade, tudo isso faz parte de se amar. Seja forte. Seja livre. Seja você. Não espere a reciprocidade de outro alguém, vá atrás dela dentro de você. Ela vive contigo. Assim como a liberdade. Ache a brecha na alma. Respire. Grite. Cante. Se ame. 

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Viajar em forma de poesia

Analise comigo: Se você tem a oportunidade de dar a volta ao mundo, o que você faz? Agarra-a, certo? Errado. Eu diria que na vida existem diferentes prioridades, seja o dinheiro, a felicidade, as viagens ou até os bens materiais, mas cada um reage de forma diferente em cada oportunidade. Sentir: essa sempre foi a minha prioridade.

Imagine comigo: Um programa de prêmios em que você tem que escolher entre duas portas. Uma te leva pra qualquer país do mundo. Inglaterra, França, Alemanha: é só escolher e ir. Porém, você vai sozinho. A outra te leva para o interior do Paraná, pra uma cidade que o único ponto turístico é um bosque com um lago, porém você pode ir acompanhado e com a certeza de que vai conhecer pessoas singulares.

Eu diria que grande parte escolheria a primeira porta, afinal o que é um lago comparado a torre Eiffel, certo? Errado. Não é desmerecendo a grandiosidade da torre Eiffel, afinal eu quero conhecê-la algum dia, porém viajar pra mim vai além de pontos turísticos e grandes torres.

Uma garota do cabelo azul, outra com uma risada contagiante, camisetas de banda e um violão na beira do lago: isso é sentir. Amizades, choros, lanches na madrugada, abraços apertados, experiências únicas: isso é viajar pra mim.

A vida sempre foi como uma poesia, acho que as viagens também são, mesmo que levem 10 horas pra chegar até as pessoas que te fazem sentir ou mais de 20 minutos pra chegar até um lago onde não se pode nadar, o que importa é o que você faz com aqueles momentos. Os versos e estrofes da sua vida são o que você faz deles. Nós somos os nossos próprios poetas, nossos próprios guias turísticos.

 Seja sozinho em Londres ou com um garoto tatuado e outras 6 meninas em Campo mourão, apenas sinta os momentos. Dez horas ou vinte dias, que seja sobre ser feliz, que seja sobre viver novas experiências, que seja sobre enriquecer sua poesia ou sobre beber velho barreiro com tang, apenas viva as viagens. Viaje em si, consigo ou comigo.

domingo, 22 de novembro de 2015

Resenha: Caixa de Pássaros - Josh Malerman



É um blecaute, pensa Malorie. O mundo, o exterior, está sendo desligado. Ninguém tem respostas. Ninguém sabe o que está acontecendo. As pessoas estão vendo alguma coisa que as leva a machucar os outros. A machucar a si mesmas. As pessoas estão morrendo. Mas por quê?
A história:

E se as pessoas começassem a morrer depois de simplesmente olhar para algo? E se o maior medo do ser humano fosse abrir os olhos? E se fossemos obrigados a viver com as janelas cobertas por medo do que está lá do lado de fora? Essa é a premissa de “Caixa de Pássaros”, Josh Malerman, as pessoas simplesmente começam a se matar e a matar quem está em volta depois de olhar para algum tipo de criatura. A história gira em torno de Malorie, uma mãe lutando pela sobrevivência de seus dois filhos. O livro brinca com passado e presente, em um capitulo temos a realidade atual de Malorie, em outro temos uma amostra de como tudo começou e como ela foi parar onde está.

Impressões:

 A edição está impecável, como a maioria dos trabalhos feitos pela intrínseca. A história peca em seus clichês de suspense, mas o que seria de nós sem os clichês, não é mesmo? Eu diria que a história é original, brinca com nossos medos, afinal o que é mais apavorante do que o escuro? A construção dos personagens está impecável, o autor conseguiu passar bem o amadurecimento ou enlouquecimento de cada um, mesmo deixando alguns de lado ao longo da história, ele soube nos fazer se apegar a eles (um erro, tente não se apegar a nenhum, sofrerá menos).

Conclusão: 

Caixa de Pássaros é um livro jovem, um suspense YA, então não espere uma obra prima, mas Josh conseguiu deixar sua marca e me deixar mas curioso pelos seus livros. O livro te deixa tenso em poucos momentos, mas faz com que o leitor se sinta ansioso para saber o desfecho da história. É uma leitura intrigante, faz com que você questione o medo daquilo que não pode ver. O medo de ter medo.

domingo, 25 de outubro de 2015

Eu não sou escritor

Eu não sou escritor. Tentei ser, ainda tento reinventar meus clichês. Minhas crônicas surreais, minha escrita sem sentido, meu amor sem sentir, não me tornam escritor, não do jeito que eu gostaria de ser. Cadê a aventura? Os capítulos completos?  Os amores inventados? Já diria minha mãe: Nem sempre a gente é aquilo que gostaria de ser. Ou será que foi alguém em alguma novela que disse? Talvez essa seja a minha ultima tentativa vã de escrever algo que realmente faça sentido, algo real e sentido, porque agora eu sinto. Eu sinto falta de sentir. Sentir como quando disse que sentia saudade de sentir saudades. As vezes as palavras começam a ficar vazias, não vale a pena escrever assim. Por isso digo: Não sou escritor, mas gostaria de ser. O que é escrever? É ser e se conhecer. Eu não me conheço. Eu sou sem sal? Eu sou fofo? Eu sou um salafrário viciado em beijos no pescoço? O meu pescoço longo e curvado não mente: Eu não sei quem sou. Nenhum escritor sabe, isso já é um passo? Passo no compasso dessa dança de ser quem um dia gostaria de ser. Eu preciso provar, não pra ninguém, mas pra mim mesmo que posso ser lúcido. A lucidez arde como a arte aos olhos do leigo. Liberdade a expressão. Liberdade a minha prisão. Veja bem: Eu não sou escritor. 

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Wonderwall, Oasis

Hoje eu resolvi postar tudo de uma vez. Que tal inovar um pouquinho e ao invés de postar a música da semana (que já não posto há um tempo) postar a música da madrugada? Vamos para os clichês dos clichês: Wonderwall, Oasis.
Toda vez que ouço essa música sinto um misto de sensações boas e ruins. Lembro do ensino médio. Do primeiro amor que tive medo de viver e acabei não vivendo. Do beijo que quis dar, mas não dei. Do abraço que dei, mas que não foi sincero o suficiente. É o tipo de música perfeita pra madrugada e pros devaneios. Que tal procrastinar ouvindo Oasis?

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Rio de Janeiro em Maio


Qual a sensação de estar no céu? É engraçado, porque voar era pra ser fisicamente impossível, mas estar no ar é mais do que possível. Enxergar o mundo do alto, perceber o quanto as luzes dos prédios são assustadoras vistas de cima e em tamanha quantidade. Eu voei. Não de uma forma poética, mas literalmente, em um avião. A tontura. Os ouvidos entupidos. A dor. Vale a pena. A sensação de estar de volta no chão te faz sentir medo o mundo, no céu tudo parece tão calmo, em paz. No chão tudo parece bagunça, baderna, poesia, confusão. São Paulo vemos prédios. Rio de Janeiro vemos mar. É confuso pra um paulista pisar no Rio e decidir se o certo é “bolacha” ou “biscoito”. É mais confuso ainda ver o mar, ver as montanhas e começar a sentir a beleza do mundo. As construções primorosas e arquitetônicas de Deus. Sim, Deus. A religião se encaixa no mundo. O sentir se encaixa no Rio. A poesia é o mar. Amar. Eu amo voar, tomar banho de mar e andar de bicicleta. Rio de Janeiro em maio é solidão resumia em poesia. Sinta-o.