terça-feira, 7 de outubro de 2014

Devaneios: Luz-do-sentimento

Toda terça feira postarei aqui algum tipo de devaneio, seja um poema, seja um texto. Independente do tipo, será sobre sentir. Hoje é literalmente sobre o sentir.

O sol tocou-lhe a pele revelando que o sentir é que o perturbava. Reciprocidade era sua palavra, mas como podia ser recíproco se ele não for recíproco consigo mesmo? O dia tinha cheiro de sangue e perdurar, a nuvem que estava ao lado do sol era arrastada lentamente pelo vento, queria que a alma fosse simplesmente acalento de um dia banal e cheio de sentir. Banal e sentir combinam, pensou. Sentir-se banal, era como ele se sentia mesmo que em dias especiais, a banalidade o rodeava, até sentado em uma praça calma, com o sol da manhã em sua pele e as nuvens em movimento sobre sua cabeça, ele se sentia banal. Mas o que era o sentir? Ele tentava ser o sol para os outros, esquentá-los, mas ao invés de calor, transmitia amor. Ondas de sentimentos que só queriam ser recíprocas, mas a reciprocidade nunca foi real, não pra ele. Não pra segunda opção. Como se pode ser recíproco quando se é a segunda opção e todos são sua primeira? Queria trocar de lugar com o sol, até mesmo como a nuvem. Aquela sensação de simplesmente seguir a vontade do vento e flutuar sempre, flutuar e deixar de ser banal, ver o mundo do alto ou nem ver o mundo, só ver o vento interligado em seu meio, arrastando-o para o mundo como se o mundo fosse o menor de seus problemas, uma viagem eterna onde o roteiro era decidido na hora. Ser nuvem, ser sol, ser vento. Apenas ser o alento de uma alma cansada de sentimento. 

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