domingo, 25 de outubro de 2015

Eu não sou escritor

Eu não sou escritor. Tentei ser, ainda tento reinventar meus clichês. Minhas crônicas surreais, minha escrita sem sentido, meu amor sem sentir, não me tornam escritor, não do jeito que eu gostaria de ser. Cadê a aventura? Os capítulos completos?  Os amores inventados? Já diria minha mãe: Nem sempre a gente é aquilo que gostaria de ser. Ou será que foi alguém em alguma novela que disse? Talvez essa seja a minha ultima tentativa vã de escrever algo que realmente faça sentido, algo real e sentido, porque agora eu sinto. Eu sinto falta de sentir. Sentir como quando disse que sentia saudade de sentir saudades. As vezes as palavras começam a ficar vazias, não vale a pena escrever assim. Por isso digo: Não sou escritor, mas gostaria de ser. O que é escrever? É ser e se conhecer. Eu não me conheço. Eu sou sem sal? Eu sou fofo? Eu sou um salafrário viciado em beijos no pescoço? O meu pescoço longo e curvado não mente: Eu não sei quem sou. Nenhum escritor sabe, isso já é um passo? Passo no compasso dessa dança de ser quem um dia gostaria de ser. Eu preciso provar, não pra ninguém, mas pra mim mesmo que posso ser lúcido. A lucidez arde como a arte aos olhos do leigo. Liberdade a expressão. Liberdade a minha prisão. Veja bem: Eu não sou escritor.